Na 5ª série eu era o bobo da corte. Chegou a um ponto em que, se um giz quebrasse a culpa era minha, se eu fizesse qualquer comentário a turma inteira fazia troça num coro que provavelmente me parecia bem mais alto do que realmente era.
Eu me sentia oprimida e diminuida e tentava manter a cabeça erguida, muito embora imaginasse que todo mundo sabia o quanto cada comentário me machucava.
Anos depois, já no ensino médio quando tudo isso era apenas uma lembrança ruim, foi uma surpresa quando a Marilia, que tinha estudado comigo durante todo o fundamental e continuou por todo o médio, comentou que admirava como eu não deixava a maneira como me tratavam me afetar, pois se fosse com ela, teria sido muito difícil. Eu confessei que aquilo me afetava e muito. Ela disse que jamais imaginaria, pois eu continuava sendo sempre a mesma coisa, fazendo os mesmos comentários, usando o tipo de roupas que queria*, como se a opinão dos outros pouco me importasse.
Fiquei especialmente orgulhosa em descobrir que a impressão que eu passava era de total descaso com a situação.
* por um tempo eu usei vestido com calça lag e um laço na cabeça, que hoje é moda, com excessão do laço, mas na época quem usava só podia ter saído de um filme dos anos 80 ou ser maluco.
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