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5 de dez. de 2009

Walking far Away

Ao som de “You are the Moon


Eu sei, como uma pessoa que tenta entender psicologia, que o maior - se não o único - responsável pelos nossos sentimentos somos nós mesmos e como conduzimos nossos pensamentos. Pensamentos tanto podem nos arrastar para o fundo do poço como podem nos tirar dele, basta saber manuseá-los.

Eu já sabia disso, mas comprovei que estava certa nos primeiros e piores dias, quando um simples pensamento se direcionava para alguns pequenos detalhes e o que eles significavam me esmagava o peito, numa sensação horrível e doentia. Em pouco tempo eu percebi que precisava escapar das lembranças a cada cinco minutos e era isso que eu fazia. Toda vez que elas ameaçavam surgir, eu pensava numa folha caindo lá na rua, em como estava frio pra estação, no livro que queria ler, no que eu ia fazer de almoço ou em qualquer coisa simples que me desviasse daquilo que eu estava prestes a lembrar e aquela agulhada de dor no peito, que já fechava os olhos pra sentir, não vinha. Parece loucura, mas funcionou. Ainda funciona.

O segundo passo depois disso era sumir. Eu sabia que não seria fácil e não queria simplesmente ir embora. Eu precisava deixar uma prova da minha existência, uma coisa simples, que mostrasse pra essa pessoa, disfarçadamente e só se prestasse muita atenção, que minha ausência não significava que eu não a amava. Significava eu precisava ir. E depois disso, as circunstâncias me ajudaram.

Um dia virou dois. Dois viraram três e a cada dia eles aumentam até virarem meses, anos. Eu sei que eles vão aumentar infinitamente daqui pra frente. Mesmo que eu fique todos os dias esperando por qualquer contato, qualquer sinal e fique angustiada quando eles não chegam, sei que se isso acontecer não vai significar que eu posso me animar porque essa pessoa sente minha falta como sinto a dela, sei também que vou fazer isso mesmo assim. Isso tudo ao mesmo tempo que, a cada dia sem contato, eu penso que não significo nada, que a pessoa em questão nem sequer notou a ausência. Que lá um dia, depois de anos quando ela me ver, vai pensar “Nossa, quanto tempo! Eu tinha me esquecido completamente...”

No fundo, eu sei que com essa ausência eu queria que minha falta fosse sentida e alguém voltasse correndo pra mim, mesmo sabendo que não vai ser assim. A cada dia que passa nossa antiga rotina se desfaz, uma nova rotina se inicia, em pouco tempo a antiga rotina não vai ser sequer lembrada. Tudo bem, é assim que tem que ser. É a única maneira pra mim, não consigo pensar em nenhuma outra que vá funcionar.

Existe um plano, pra qualquer ser pensante existe um plano. Admitir, sofrer, se afastar, desfazer a rotina, criar outra rotina, colocar alguém no lugar. Seguir em frente com uma marca, ainda vai ser seguir em frente.

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Peço que não dêem muita atenção a isso, uma vez meu pai quis me mandar pro psiquiatra depois de ler uns poemas do meu diário. Acho que tenho tendências meio dramáticas desde os 11 anos de idade, talvez até menos. Eu tenho essa estranha obesseção por sentimentos de angústia, parecem tão intensos, né?




Um comentário:

  1. O drama é bem mais atrativao que a animação. "Feliz para sempre!" é sempre o fim. A angústia só faz aumentar a intensidade do tempo e dos momentos.

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